A Felicidade é uma escolha

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Tudo começou quando uma bela notícia de gravidez inesperada se transformou de numa gravidez de alto risco. Quando recebemos um diagnóstico que põe em causa a evolução natural de uma gestação, ou mesmo se chegará ao fim, o nosso mundo muda. A alegria dá lugar à preocupação e somos invadidos por um sentimento de angústia difícil de explicar. 
Passamos por um período de confusão e alguma revolta que faz parte de todos os acontecimentos inesperados e negativos que nos acontecem, mas inevitavelmente vem a aceitação dos factos. 
E agora, como vai ser? O que esperar? Como vou lidar com alguns meses de espera com um prognóstico tão indefinido? Como vou enfrentar os procedimentos médicos, como a amniocentese, cordocentese, RM, ecos e análises sem fim a juntar a uma dose tão grande de medicação diária? E tudo isto estando meses em casa com alguns períodos de repouso absoluto pelo meio? 
Perante tantas mudanças, desafios e perguntas sem resposta, senti-me na necessidade de procurar formas para conseguir manter a minha sanidade mental, não cair num estado depressivo e conseguir estar no meu melhor, física e mentalmente, preparando-me para qualquer que fosse o futuro. Entrei, então, num mundo de procura exaustiva de informação e conhecimento útil que me pudesse ajudar. O primeiro recurso que encontrei foi a meditação. A prática da meditação plena - Mindfulness - num contexto diário ajudou-me a lidar com a ansiedade, a reduzir o stress, a controlar as emoções negativas e a manter o foco nas coisas boas. 
Sempre que saía de uma consulta, tentava filtrar a informação, mantendo o meu foco apenas nas boas notícias. À medida que fui aprofundando, percebi que a meditação ganha outra dimensão se nela trabalharmos o processo de gratidão, uma gratidão ativa, intencional, na qual agradecemos genuinamente o que de bom temos na vida, sejam relacionamentos, circunstâncias, acontecimentos e até algo que acreditamos ser verdade mesmo sem certezas. No meu caso, agradecer todos os dias pela saúde da minha filha ainda na barriga. 
Estudos recentes, utilizando o método de RM, analisaram o que acontece no nosso cérebro durante a prática da meditação focando a gratidão e perceberam que esta técnica promove a ativação de várias estruturas cerebrais como: as Estruturas mediais do córtex pré-frontal (potencializar a qualidade das relações humanas, tranquilidade, relaxamento e regulação emocional); o Hipotálamo (responsável pela redução dos níveis de stress); o Sistema Dopaminérgico (responsável por maiores níveis de motivação e prazer). Torna-se mais simples, face a estas investigações, perceber os benefícios que traz para a saúde e vida, como a melhoria do sono, a qualidade das relações românticas, melhoria do sistema imunológico, aumentando também a motivação para a atividade física, a sensação de bem-estar. Sentir felicidade!
Como as primeiras horas do dia são decisivas para determinar o resto do dia, dedico  10 a 20 minutos pela manhã, praticando a técnica de atenção plena (foco na respiração, estado do corpo, ambiente que me rodeia) e, de seguida, foco-me em três coisas pelas quais sou grata naquele momento e deixo que essa sensação interna de bem-estar me preencha. Se quiserem aprofundar mais este tema sugiro os livros Mindfulness, do Prof. Dr. Mark Williams e do Dr. Danny Penman, e o livro O Milagre da Manhã, de Hal Elrod.
Uma outra forma, esta um pouco mais rápida e momentânea que encontrei para me manter num estado positivo todos os dias, foi recorrer a algumas técnicas de  PNLProgramação NeuroLinguística – Aconselhadas por Anthony Robbins em vários dos seus livros (ex. O Poder sem Limites). 
Sempre que nos sentimos em baixo, deprimidos, tristes ou assoberbados por pensamentos negativos, podemos mudar o nosso estado emocional mudando a nossa fisiologia, como seja o padrão respiratório, movimentos, expressão facial, tom de voz, e, desta forma, conseguimos passar rapidamente, e de forma eficaz, de um estado emocional negativo para um estado emocional desperto, motivado e positivo. Outra forma de alterar o nosso estado emocional focarmo-nos em acontecimentos, experiências vividas que nos transmitam uma sensação positiva. Uma potencializa a outra, devendo as duas ser aplicadas em simultâneo. Podemo-nos focar em algo que nos trás alegria, mas se naquele momento não alterarmos a nossa fisiologia mantendo uma postura retraída, uma expressão triste e um tom de voz melancólico, então não conseguiremos alterar o nosso estado emocional. Recorro a esta técnica sempre que me sinto dominada por emoções negativas e rapidamente volto a ter o controlo sobre a minha mente
Por fim, e como diz o velho ditado corpo são mente sã, recorro a uma prática diária de exercício físico (bastante condicionado dada a situação) para manter o meu nível de bem-estar fisico. Cada um deve escolher a que mais gosta. Escolhi praticar Yoga e Pilates, todas as manhãs, antes de meditar. É a primeira coisa que faço, depois de beber um copo de água morna com limão. Estendo o meu tapete e começo uma série de exercícios de mobilidade, alongamentos e posturas recomendadas durante a gravidez, que dura aproximadamente 15 minutos. Preparo-me para o exercício de meditação seguinte pois um corpo rígido acabado de sair da cama e uma mente sonolenta dificilmente estarão num estado relaxado, disponível e atento para a prática efetiva da meditação. Desta forma, após trabalhar o corpo estou mais preparada para trabalhar a mente. 
Aprendi uma grande lição nos últimos meses. A Felicidade é uma escolha. É um estado que não depende de nada que nos seja externo, não depende de quem nos rodeia, de nenhuma circunstância ou acontecimento. É um estado de paz e satisfação interna que se consegue com um trabalho diário interior, no qual nos focamos na auto-realização que atingimos ao viver o nosso propósito de vida. É um sentimento que tem de vir de dentro para fora e não depende de Se's nem Quando’s: “Se aquilo acontecer serei feliz”, “Quando conseguir tal coisa serei feliz”. Não. É uma decisão, uma atitude tomada no agora. Não podemos deixar a nossa felicidade à mercê do que não controlamos. 
Grande parte dos acontecimentos da vida não estão sob o nosso controlo, apenas podemos controlar/escolher como lidar com os mesmos. Perante acontecimentos dramáticos e difíceis podemos escolher encará-los como problemas ou como aprendizados. Podemos simplesmente escolher deixarmo-nos arrastar pela corrente olhando para trás com angústia e apego ou aproveitar a força da mesma para nos levar para um lugar melhor. Se mudarmos a nossa perspetiva, mudamos o mundo à nossa volta. Uma vez mais, é uma escolha. 
Aconselho-vos um livro excepcional de Viktor Frankl, Em busca de Sentido, que conta a história como o próprio autor conseguiu sobreviver durante 3 anos, mantendo a sua sanidade mental, no campo de concentração Nazi em Auschwitz, exercendo a única liberdade que tinha naquele momento, a última liberdade humana, quando nada mais está sob o nosso controlo: a capacidade de escolha, a capacidade de escolher qual será a nossa atitude perante uma dada circunstância. 
A partilha de histórias, como a de Viktor Frankl, ou a minha história, serve para lembrar que perante um acontecimento inesperado que vem abalar os nossos alicerces, somos desafiados a superar as nossas forças, crenças e atitudes perante a vida. 
Somos postos à prova e percebemos que: “Quase sempre a maior ou menor Felicidade depende do grau de decisão de ser feliz” , Abraham Lincoln.


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