Cátia Santos é uma mulher sensível que gosta de cuidar
Nascida e crescida na Margem Sul. E
com orgulho. É esta a postura que dita a determinação de Cátia Santos. Mais um
rosto physioclem, que veste a farda desta clínica há alguns meses. A
fisioterapeuta, de Almada, é também uma criadora. Tem projetos que ainda hoje
são um sucesso, mas já lá vamos.
Da margem sul, confessa, herdou o
“espírito de desenrasque”. Garante que nada tem contra os lisboetas, até porque
é apenas um rio que separa as duas margens. “Tudo o que alcancei, devo ao que
sou, onde cresci e fui feliz. Sempre que tenho de me definir tenho de relembrar
de onde vim. Foi isto que me fez ir à luta”, testemunha a fisioterapeuta.
Cresceu perto de bairros
problemáticos. Viu de tudo, mas nunca sentiu nem viveu qualquer problema na
pele, embora pessoas amigas tenham passado por algumas situações delicadas. “Há
muita gente à margem, mães solteiras, miúdos a meterem-se onde não devem… Por
isso, é importante agir, mas não amanhã é hoje”, afirma.
A adolescência já a passou numa zona
mais nobre de Almada. “Sou uma pessoa que me dou bem com toda a gente,
adapto-me facilmente e respeito todas as origens. Há muito boas pessoas vítimas
de falta de respostas”.
Depois de terminar o 12º ano, decide
cumprir um ano sabático, com o objetivo de melhorar a média final para entrar
na universidade. Trabalhava de dia, estudava à noite. Ocupava o dia a
trabalhar, percorreu desde lojas a restaurantes. Passados os 365 dias, entra na
Escola Superior de Saúde, do Instituto Politécnico de Setúbal. “Foram dos
melhores anos da minha vida. Criei uma família de amigos. Ainda hoje são parte
do meu pilar”.
Enquanto frequenta o 4.º ano,
dedica-se a encontrar o primeiro trabalho, tendo em conta que já tinha o
bacharelato concluído. Consegue um estágio profissional. Aqui, tem a
oportunidade de criar um dos projetos que mais guarda no coração: o Serviço de
Apoio Domiciliário, da Liga de Amigos do Hospital Garcia da Horta. Um trabalho
que ainda hoje continua e muito a orgulha. “Podia ter ficado por ali, mas
queria mais. Tinha muito mais para dar e para criar”.
Foi no Parque das Nações, em Lisboa,
num espaço de saúde que inicia o contacto com o pilates clínico e a osteopatia.
Nascem, assim, duas novas paixões. “Apesar de gostar do trabalho, queria entrar
numa área mais comunitária, mais social. Sentir que podia ajudar e fazer a
diferença”. Foram estes os pensamentos que a levaram a desenvolver um novo
projeto, mas desta vez para a Cruz Vermelha, no Cadaval. Abre, com o auxílio
desta importante instituição, uma clínica social. “Naquele momento fiz de tudo.
Pintei móveis, trabalhei para o banco alimentar, fiz de Mãe Natal, dei
tratamentos de fisioterapia…”
O desassossego que sente na sua alma,
levam-na a querer mais e mais. É, nesse momento, que decide abrir uma clínica.
Deu-lhe o nome de Fisiopilates. Durante quatro anos trabalhou sozinha, no
Cadaval. “Começa a sentir que precisava de uma equipa para crescer. A minha
experiência e trabalho estavam feitos. Precisava de muito mais”.
Engravida e acaba por fechar o seu
espaço. Quis viver a gravidez, enquanto procurava uma equipa para sentir-se
segura e continuar a aprender.
Nasce o maior amor da sua vida, a 30
de outubro de 2015. O filho Rodrigo. O menino que preenche o seu coração e a
faz sonhar ainda mais. No dia seguinte ao nascimento, Cátia Santos recebe a
chamada de uma amigo que lhe falava da possibilidade de entrar para a
physioclem.
Em janeiro já estava a trabalhar na
physioclem de Torres Vedras. “Foi uma das melhores oportunidades da minha vida.
O que eu precisava para continuar a acreditar, evoluir e estabilizar. Surgiu no
momento certo”.
“A physioclem dá-me e ensina-me tudo
o que preciso. Sinto-me em casa, rodeada dos melhores. O Marco é uma pessoa
especial, que me ajudou mais do que alguma vez posso pensar. Escolheu-me porque
tenho o perfil de cuidadora. Quero ajudar esta casa a criar raízes”, testemunha
a fisioterapeuta da Margem Sul. Neste momento, frequenta o 2.º ano do curso de
Osteopatia.
O bebé Rodrigo é o seu príncipe. As
palavras começam a fugir. Emociona-se. Ficámos em silêncio. “É a minha força.
Por ele, fiz todas as mudanças que eram necessárias. É a causa e consequência
da mudança”. Além deste menino, tem os pais por perto que lhe dão a tão
desejada segurança. “Tenho uma família que me apoia, amigos e colegas que são
família. É este apoio incondicional que me dá garantias de que é possível”.
Projetos? Tem vários. “O desassossego
de criar está em mim. Gosto de ver as coisas crescerem. Quero fazer parcerias através da physioclem e terminar o curso de
Osteopatia. Em termos pessoais, quero encontrar-me interiormente para que
sobressaia no exterior”
Apesar de toda a determinação e
garra, Cátia Santos é uma mulher sensível. Uma mulher que chora com facilidade.
Uma mulher que sabe que, apesar das dificuldades da vida, o caminho faz-se
caminhando, quer seja entre sorrisos ou lágrimas.
Luci Pais
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