"A physioclem é uma referência a nível nacional"
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Sempre gostou dos “bastidores”, mas o
“tempo” traiu-a. Aos 28 anos, Ana Mafalda Ferreira, de São Martinho do Porto, é
uma das atletas portuguesas mais conhecidas. O atletismo entrou na sua vida aos
11 anos, mas apenas aos 15 se apaixonou verdadeiramente por esta modalidade.
Hoje, usa o emblema do Sporting ao peito, o clube do seu coração. Na physioclem,
encontra uma equipa que lhe trata da mente e do corpo.
Corre, corre, corre… Já perdeu as
contas aos quilómetros que fez. Um corpo pode aguentar muito, mas o apoio e
acompanhamento da physioclem tem sido fundamentais na prevenção e tratamento.
Já foi seguida por Ana Amado, Luís Nascimento, Marco Clemente e, nos últimos
anos, por Vânia Santos.
“A Vânia é muito mais do que uma
fisioterapeuta, é uma psicóloga, uma amiga… Trata-me das mazelas do corpo e da
mente. Vibra com as minhas vitórias. A physioclem é uma referência a nível
nacional. Há uma grande ligação entre atletas, fisioterapeutas e treinadores”,
testemunha Ana Mafalda.
Correr por brincadeira
A baía de São Martinho do Porto
sempre foi uma referência na sua vida. No seu areal, corre desde que se lembra.
Cresceu ao seu redor. Com os meninos dos seu bairro andava por ali, a viver mil
e uma aventuras.
Por brincadeira, em conjunto com
alguns amigos decidiu participar numa corrida. “No final, levei para casa uma
taça maior do que eu”, diz soltando uma gargalhada. O seu tempo e performance
não passaram despercebidos. Entre a organização, encontrava-se um professor de
Educação Física da sua escola.
O ano letivo arranca. O professor,
João Paulo Ferreira, não se esqueceu do desempenho de Ana Mafalda e desafia-a a
treinar. Até hoje, é o seu treinador. Até aos 15 anos, “não quis nada muito
sério”. Os treinos só aconteciam em vésperas de provas do Desporto Escolar. O
pódio era sempre seu: “Desde que entrei na minha escola até sair, ganhei todas
as provas”.
Como juvenil, participou no
Campeonato Nacional de Corta Mato. Dias depois, o professor, treinador e amigo
aparece na escola com um papel no qual destacava a florescente o Mundial. Para
lá chegar, tinha de ficar entre as seis melhores a nível nacional. Conseguiu e
foi! Garante que foi a experiência mais marcante que viveu desde que entrou
para o atletismo. “Tinha apenas 15 anos. Sempre gostei de estar nos bastidores.
Tinha dificuldade em acreditar nas minhas capacidades. Foi nesta prova, fora do
meu núcleo duro, que me apercebi que o atletismo já fazia parte de mim e que
não podia passar sem ele”.
Começou a destacar-se nas camadas
jovens. O Arneirense deita-lhe a “mão” e passa a corre por este clube das Calda
da Rainha, durante dois anos. Segue-se o Grupo Desportivo do Estreito, da
Madeira, no qual soma mais sete anos. Foi preencher o lugar da conceituada
atleta Sara Moreira. “Foi uma aposta arriscada, mas devo confessar que muito me
orgulha”.
Há dois anos que todos os seus passos
são feitos com o emblema do Sporting ao peito. “Independente da simpatia que se
tem por este clube, é inquestionável o trabalho que desenvolve. É uma
referência”.
A vida a correr
Não é apenas nas estradas de Portugal
e do mundo que Ana Mafalda Ferreira corre. A sua vida é também uma correria.
Trabalha, em regime de part-time, numa loja de desporto em Alcobaça. “Foi uma
opção minha, porque o Sporting dá-me boas condições. Normalmente, treino cerca
de quatro horas por dia, mas depende sempre da calendarização das provas”,
explica.
Define-se como disciplinada e
responsável. “Quando se gosta do que se faz, há sacrifício. Há muita coisa que
fica para trás. O meu namorado vive na Nazaré e passo semanas sem o ver.
Treina em São Martino.
Esporadicamente em Lisboa, com o treinador do Sporting, Luís Pinto. É quem
concebe os seus planos de treino. Já na sua terra Natal é acompanhada, desde
pequena, pelo professor João Paulo. “Temos uma relação excecional. Foi quem me
fez reconhecer a minha paixão pelo atletismo. Achou que eu tinha jeito e desafiou-me.
Tenho um feitio difícil, mas conseguiu convencer-me”.
Recordar é viver
A rebeldia sempre fez parte da sua
forma de estar na vida. Tem sempre as pilhas carregadas. “Também é isto que fez
de mim a atleta que sou hoje. Quando me proponho a um desafio, não desisto.
Para que corra bem, trabalho o dobro”.
Nunca achou piada às brincadeiras de
meninas. Sempre preferiu os rapazes. Com o irmão, dois anos mais velho, andava
sempre pelas ruas de São Martinho.
Se em tempos não gostava de ver os
pais, Carlos e Graça, a ver as provas, hoje já começa a aceitar. “Ficam muito
nervosos e eu também”.
A escola só correu bem até
determinado momento. A sua rebeldia falou mais alto. Só a partir do momento que
iniciou o atletismo é que começou a ter mais prazer por estudar. “Quando o
atletismo entra a sério na minha vida, faço as pazes com a escola”.
Hoje, é uma mulher organizada. “Vou
gerindo o meu tempo, sem nunca esquecer o desporto que é essencial para uma
vida saudável”.
Entre sonhos e objetivos
Todos os atletas sonham com os Jogos
Olímpicos. Ana Mafalda Ferreira também quer lá estar. “Tudo farei para que
assim aconteça, não esquecendo campeonatos europeus e mundiais”. Por vezes, nem
com todo o esforço e dedicação se consegue, mas atleta sabe que ser feliz no
que se faz é o mais importante.
A felicidade está nas pequenas, mas
tão importantes, coisas da vida. Os sonhos só se concretizam, se lutarmos. E
Ana Mafalda luta, todos os dias, pelos seus objetivos, sabendo que algumas
ficam para trás…
Luci Pais
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